Graciano Rattis dos Santos Filho

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Engenheiro aposentado 55 anos casado pai de três filhos.Realizei a peregrinação em JUNHO de 2.010 em 28 dias

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

VIGÉSIMO OITAVO e ULTIMO DIA PARTE I e II

VIGÉSIMO OITAVO DIA PARTE I


25/06/2.010 – SANTIAGO – FINISTERRE

Saímos cedo, JUAN mais cedo ainda, irá a FINISTERRE a pé – ele continua a nossa fantasia de menino, nós deixaremos de ser meninos e voltaremos a ser homens em poucas horas, ele , ele continuará a ser menino por mais sete dias, três para ir , mais quatro para voltar, ele enfrentará moinhos de vento, montara seu Roncinante, e nós, nós voltaremos a ser adultos.


FOTO CRUZEIRO EM FINISTERRE

.Sentimos de JUAN uma saudável inveja. José chora no ombro de Juan, derrama em seus ombros as lágrimas do menino que não quer abandonar a fantasia, que ainda tem muita vontade de entoar nosso hino de guerra, que eu , como no dia da minha formatura, ou no dia do casamento meu ou dos meninos, não quer que a noite se acabe, há nele o medo da carruagem se transformar em abóbora e seus corcéis se em peludas ratazanas.

Tenho  receio da dura realidade de aposentados que todos devemos voltar a enfrentar quando esse dia acabar

Alugamos um carro , afinal em três, sai mais barato a eles voltar para casa de carro do que de trem e de ônibus , além é claro de ser muito mais rápido e cômodo pois podem entregar o carro em LOGROÑO. Sem um mapa nas mãos e confiando somente nas informações recebidas, pegamos a estrada que margeia o litoral, linda, mas muito mareante, e acabo ficando meio enjoado e estava quase a vomitar quando JESUS me ofereceu a oportunidade de dirigir o carro.



VIGÉSIMO OITAVO DIA PARTE II

FINISTERRE traduz muito do caminho, seu farol era considerado o fim da terra, daí o nome.O ponto mais ao ocidente da Europa, a rigor olhamos para o mar que faz divisa com o BRASIL. Hoje com a neblina da terra não se via a água do mar, mas e sabia que do outro lado do oceano Dudu continuava a zelar por Stellinha e seu inabalável sorriso, que a Lourdes saudosa, aguardava a hora de embarcar, que o Rafael e a Carol, o Renan e a Patrícia dormiam o sono dos justos enquanto esperavam novas notícias de além mar.




FOTO QUEIMANDO AS ROUPAS VELHAS EM FINISTERRE

Queimar as roupas velhas é como abandonar definitivamente os brinquedos de menino, é definitivo, não tem volta,é como abandonar a Terra do Nunca sem ter novas doses do pó de prlimpimpim.

Fotos fantásticas apesar da neblina

FOTO DESPEDIDA DOS AMIGOS COM A CATEDRAL AO FUNDO

De chinelos novos comprados em Santiago quando a vergonha foi menor do que a dor que eu sentia, no almoço tirei os sapatos e quase não consegui recolocá-los,a dor era tamanha que parei em frente à primeira loja de calçados e comprei um novo par de chinelos.



Em FINISTERRE , de chinelos,as bolhas quase desapareceram, creio que mais um ou dois dias elas me abandonam de vez , ficarão ainda as cicatrizes, como marcas indeléveis conquistadas nas longas batalhas dessa peregrinação que cortou a Espanha de leste a oeste, mas não sentirei saudades das bolhas ou das suas dores insuportáveis...


FOTO AO LADO DA BOTA DE BRONZE EM FINISTERRE

No retorno consultei os mapas, anotei as estradas e as cidades e uma hora e meia depois estávamos de volta a Santiago despedimo-nos com forte abraço, cheios de emoção,e tendo a catedral ao fundo , unimo-nos no nosso ultimo e definitivo grito de guerra.


Foto : Co m LUIGI de chinelos vinte e oito dias depois , por puro acaso, ou por providencia Divina numa das ruas de Santiago

Volto à Catedral de Santiago e no bar em frente à fila do abraço assisto ao jogo do Brasil e Portugal, empate de zero a zero.Lourdes embaraçando e eu num barbeiro aparando a barba curtida nesses últimos dias e com ela os últimos resquícios de uma fantásticas fantasias, volto a ser homem, deixo de ser menino,compro as flores para a minha Dulcinéia que está chegando amanhã no aeroporto de Santiago, e com ela conhecerei os campos de Espanha , seus moinhos de vento, que hoje geram energia eólica e começarei a viver outros sonhos.

FOTO BUQUÊ DE FLORES PARA A CHEGADA DA LOURDES

Amanhã será outro dia.

Maravilhoso

Melhor do que hoje

Amanhã encontro com ela

A razão dos meus sonhos

Amanhã começo a escrever

Os caminhos dos nossos sonhos.













quinta-feira, 26 de agosto de 2010

VIGÉSIMO SÉTIMO DIA PARTE I e II

VIGÉSIMO SÉTIMO DIA PARTE I


24/06/2.010- MONTE DO GOZO – SANTIAGO DA COMPOSTELLA.

4 quilômetros, para quem andou mais de 820, é papa fina, brincadeira de criança.



FOTO MARCO DE 4 KM A SANTIAGO DETALHE CURATIVO NOS PÉS

Acordamos as 6 combinado as 7 as 6 e 30 já descíamos a ladeira rumo a Santiago uma hora e meia depois já éramos os primeiros a colocar as mochilas na porta da central de Turismo da Galicia para a emissão da


Compostelana, isso minutos após termos cruzado a PRAÇA DO OBRADOIRO onde desfiamos nosso grito de guerra e emocionados tiramos nossas primeiras fotos em frente a catedral de Santiago.

Muito bom, só fazendo de novo para sentir as mesmas e intensas emoções.


FOTO CATEDRAL DE SANTIAGO COM VISTA PARA A PORTA SANTA ABERTA NESSE ANO JACOBEO

Mochilas deixadas na pensão que contratamos quando estávamos na fila da Compostelana, partimos pro abraço ao apóstolo enfrentando uma pequena fila, emoção a mil, no abraço praticamente falamos ao ouvido do apóstolo, deixamos com ele nossos pedidos e rapidinho pois a fila anda , e anda rápido,pedi pela Stellinha, para que ela volte logo ao nosso convívio, e boa .



FOTO Fonte em frente a entrada da catedral de Santiago

VIGÉSIMO SÉTIMO DIA PARTE II

Domingo próximo , com a Lourdes , pediremos pelos outros.

À tarde almoço, não teve cochilo, fomos novamente à cidade comprar lembranças para a família, depois tomar cerveja, comer polvo e marisco perto da praça de Galicia estendendo o dia como se quizéssemos que a noite nunca chegasse.

Amanhã vamos a FINISTERRE de carro alugado, volto a Santiago e eles retornam a KALAHORRA, RIOJA e NAVARRA, para quem sabe um dia nossos caminhos voltarem a se cruzar.



FOTO CATEDRAL DE SANTIAGO
Queimaremos nossas meias velhas, nossas cuecas rotas e nossos agasalhos surrados, como manda a tradição e diremos adeus a Santiago e ao Caminho.

Falei com a Lourdes , sei do hotel, não sei onde fica, mas amanhã descobriremos isso juntos.



FOTO RUA NO CENTRO HISTORICO DE SANTIAGO

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

VIGÉSIMO SEXTO DIA PARTE I

VIGÉSIMO SEXTO DIA PARTE I


23/06/2.010 – SANTA IRENE – MONTE DO GOZO

Como o trecho será pequeno combinamos que sairíamos as 7 horas ,mas faltando um quarto para as sete já estávamos a pleno vapor no caminho, combinamos também que a marcha seria mais suave , mas poucos minutos depois já imprimíamos a velocidade de cruzeiro de 6 km/h e dessa forma as 11 horas já baixávamos na porta do albergue do Monte do Gozo.






FOTO MONTE DO GOZO COM J PAULO II MIRANDO A CATEDRAL DE SANTIAGO

Aguardamos a abertura do albergue com uma garrafa de RIOJA e ma porção de azeitonas.

Ajeitamos as tralhas, tomamos nossa ducha, lavamos nossa roupa e almoçamos o menu do peregrino a 10 euros e a quase um quilometro do albergue, albergue que mais parece uma cidade com quase 4.000 vagas uma cidade



FOTO CAPELA DE SANTA MARIA NO MONTE DO GOZO

A noite encontro novamente o manaoara FERNANDO, com quem falei sobre a mão e com quem revi o conceito sobre Deus , o bem e o mal. Cruel mas verdadeiro. Trocarei e-mails com ele. Boa praça, meio maluco, mas boa praça.Irá para Portugal , no Porto onde alugará um carro para completar suas férias junto com sua mulher que virá encontrá-lo em Portugal Custos menores, mas deixará de conhecer Santiago, opções, escolhas..



FOTO ESTATUA DA PEREGRINA NA PRAÇA DO ALBERGUE DO MONTE DO GOZO

terça-feira, 24 de agosto de 2010

VIGÉSIMO QUINTO DIA PARTE I e II

VIGÉSIMO QUINTO DIA PARTE I

22/06/2.010 – MELIDE –SANTA IRENE

Nunca comi polvo tão simples e tão gostoso.Fervido num caldeirão duns 100 litros e servido com pimentão picante em pó, uma garrafa de vinho branco , amigos espanhóis e está feita a festa.

Depois voltamos ao Anhembi, ou melhor ao albergue PROVISIONAL de MELIDE que já tinha lotado os containers, as áreas cobertas e já tinha uma quantidade enorme de colchonetes espalhados pelo chão junto às suas paredes laterais.



FOTO OUTRA VISTA DO ALBERGUE DE MELIDE COM OS COLCHONETES PELO CHÃO

Pela manhã, novamente saí só, as cinco da manhã e me perdi por mais de uma hora. As dores cada vez maiores e mais resistentes ao efeito dos efervescentes, a indicação incipiente no trecho perto do albergue acabou me conduzindo para fora da cidade e completamente fora da rota, mas no meio do nada, encontrei um marco do caminho, peguei a direção correta e voltei para a cidade de MELIDE.



FOTO ESTADO DOS PÉS BOLHAS E FERIDAS A 85 KM DE SANTIAGO

Tinha andado 5 km.Uma hora e dez de caminhada forte quando retomei o caminho e poucos metros depois me encontro com FELIPE o carioca de quem me separo num bar que parei para tomar o café da manhã as 8 30 da manhã

Caminho tranqüilo, muita árvore,subidas e descidas leves,pouco povoados, alguns bares, outros dois copos de RIOJA - o melhor até agora – MARQUES DE CACERES – não sei se pela sede ou pelos 3 km de caminhada.

FOTO CHEGANDO A SANTA IRENE

VIGÉSIMO QUINTO DIA PARTE II

Depois das 11 horas cada metro andado é metro dobrado de dores triplicadas nos pés , nas pernas e nas costas.Somando os 5 quilômetros perdidos em Melide, são 35 no total 9 horas para chegar à ducha de água quente, quando chego, a quente havia acabado e tive que experimentar a primeira ducha de água fria do caminho e confesso deve haver no mundo castigos corporais piores, mas se há ainda não os experimentei, teria que fazê-lo um dia...

Encontrei no caminho com VIRGINIA e seus dois companheiros italianos, até ARZUA, no supermercado dividi com ela o caminho, depois das compras me afastei e cada um tomou o seu rumo, voltei a encontrá-la e aos espanhóis no albergue municipal de SANTA IRENE, onde não existe nada, nada mesmo ,num raio de um quilômetro e portanto eu que já tinha andado 35 tenho que acrescentar mais 2 para comprar meia garrafa de vinho para acompanhar o meu pedaço de pão francês , uma bengala recheada de JAMOM serrano comprado em ARZUA.

VIRGINIA vestia uma camiseta do IL PADRINO que só vi quando tirou sua mochila no albergue, mas quando falávamos sobre a mão me perguntou quando eu soube que a Lourdes seria a mulher da minha vida, e eu sem vacilar disse que foi no momento em que a vi entrando na sala de aula.


Foto : Um dos ultimos varais de roupa

Quanta coincidência, pois quando disse ser da Sicília, me fez lembrar da máfia e lhe havia dito que a música do IL PADRINO era a nossa música , coisas do caminho, que um dia ainda entenderei...

Falei com a Lourdes, está insegura com relação à conexão do vôo no aeroporto de BARAJAS em Madrid, terá duas horas o que não é muito tempo se levarmos em conta a extensão do aeroporto e o fato de ter que se deslocar , de trem entre os dois terminais de embarque e de desembarque.

Amanhã MONTE do GOZO só dezessete quilômetros e mais cinco estaremos em Santiago.



FOTO MONUMENTO A J PAULO II NO MONTE DO GOZO 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

VIGÉSIMO QUARTO DIA PARTE I

VIGÉSIMO QUARTO DIA PARTE I


21/06/2.010 – GONZAR – MELIDE

Acordei ontem as 5 00 h e um quarto passado das cinco já estava no caminho, ainda escuro mas o tempo estava ótimo para caminhar.
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FOTO BAR EM GONZAR AO LADO DO ALBERGUE ONDE ASSISTI BRASIL E COSTA DO MARFIM

A paisagem não mudou muito, só que agora em doses homeopáticas, a cada 2 ou 3 quilometros um novo povoado, suas casas, seus currais internos, e seus depósitos de milho e grãos afastado do chão, cachorro na porta e quase ninguém nas ruas, exceto os peregrinos

Em PALAS DEL REY parei num caixa eletrônico e passei por um supermercado para comprar bananas.


FOTO CONTAINERS DO ALBERGUE DE MELIDE

As bolhas viraram feridas que trato com BETADINE e SPRAY da 3M, para as dores os efervescentes, e o firme propósito de terminar o caminho, afinal hoje passei o marco dos 51 quilometros a Santiago, portanto só faltam dois ou três dias para o abraço ao apóstolo santo.

Não fui alcançado como previa pelos espanhóis , tampouco encontrei alguém para conversar pelo caminho, foi muito difícil fazer o caminho sozinho, é duro fazer 30 km sem ter alguém com quem conversar.

O albergue mais parece oparque Anhembi de tão grande.E composto por três áreas distintas , uma de containers , com ar condicionado, outra coberta sem ar e uma terceira que fica embaixo da cobertura metálica onde são distribuídos colchonetes para a galera dormir.

Só abre as 13 horas e enquanto espero faço essas anotações e eis que chegam os espanhóis e iniciamos nosso alegre grito de guerra.

domingo, 22 de agosto de 2010

VIGÉSIMO TERCEIRO DIA PARTE I

VIGÉSIMO TERCEIRO DIA PARTE I


20/06/2.010 – CALVOR- GONZAR

No caminho, saindo de SARRIA , encontro com Felipe, carioca de Niterói, com quem fiz todo o trecho e assisti ao jogo do Brasil com Costa do Marfim, no segundo tempo, só nós dois e o hospitaleiro e também dono do bar, que queria mesmo era ir embora e desligar a televisão.


FOTO CHEGADA AO CENTRO HISTÓRICO DE SARRIA

No caminho nos encontramos com os espanhóis e após a passagem por SARRIÁ,que é uma cidade de tamanho médio, o caminho mais parecia uma procissão de tanto peregrino, uma perfeita fila indiana e foi assim até PORTOMARIN uma cidade que fica ao lado de uma grande represa, que como soube depois teve sua catedral , pedra a pedra transferida para o local atual em cima de uma colina , dotada de uma desanimadora escada , pois a cidade original foi encoberta pela água da represa.

FOTO IGREJA DE PORTOMARIN QUE FOI TRANSFERIDA PEDRA A PERA POIS A CIDADE FOI INUNDADA PELO REPRESAMENTO DO RIO

Do resto muito gado pelo caminho, muito cheiro de esterco, os vilarejos são pobres e o gado dorme embaixo de suas casas

Agora a cada 500 m há um marco indicando a distancia até Santiago

Emocionante a passagem pelo marco indicando somente 100 quilômetros a Santiago



FOTO MARCO DE 100 KM A SANTIAGO

sábado, 21 de agosto de 2010

VIGÉSIMO SEGUNDO DIA PARTE I - II e III

VIGÉSIMO SEGUNDO DIA PARTE I
19/06/2.010 – O CEBREIRO – CALVOR
É bom alertar com bolhas no dedinho não há remédio que resolva, é pé ante pé, é um passo a mais um passo a menos  - um passo de cada vez e 34 quilômetros de desespero pois peguei um atalho para SARRIA – 4 Km a menos do que o trajeto que passaria por SAMOS – mas um trajeto que não havia nada, absolutamente nada pelo caminho e eu imaginava que na metade do caminho havia SAMOS, mas eu não sabia , ela ficava no outro trajeto, aquele do caminho mais longo, e quando você espera encontrar uma cidade no caminho e ela não aparece, você começa a se questionar se esta no caminho certo ou se pegou um atalho errado.


FOTO SANTIAGO  PEREGRINO NO INCIO DA DESCIDA DO CEBREIRO
Nessas ocasiões a coisa mais natural é procurar por um outro peregrino, mas nessas horas ninguém aparece, nem uma viva alma, você começa a ter a certeza de estar perdido, mas de repente longe de tudo, do povoado mais próximo, um bar, uma taça de vinho e um pedaço de tortilha espanhola me devolvem um pouco do ânimo para retomar o caminho.

FOTO POVOADO 
VIGÉSIMO SEGUNDO DIA PARTE II
Passava de duas horas, chegava a PINTIN, já tinha ligado para a Lourdes, tinha ainda 8 Km pela frente para chegar a SARRIA , e num bar encontro um casal de brasileiros , Heleonora e  seu marido , avós , bons vivant , com uma loja da PORTOBELLO no ITAIM BIBI em S PAULO, bem humorados, tomo com eles uma taça , depois outra de RIOJA e no meio do papo ouço meus amigos espanhóis almoçando no comedor do bar , vieram e carro com o hospitaleiro do albergue que fica  a 1 km do bar

FOTO  UMA DESCIDA BRABA APÓS PASSAR PELO CEBREIRO

Senti também uma saudade intensa da Lourdes e dos primeiros tempos do nosso namoro,vamos fazer 40 anos de vida em comum no ano que vem e morro de paixão por ela, senti  também nas flores roxas do caminho a forte presença da minha norinha e com ela a do Dudu, do Rafa, da Carol, do Renan e da Patrícia.

FOTO  CAMINHO PROXIMO A PINTIN

Chegarei antes do dia 24 em Santiago, curarei minhas bolhas e farei uma surpresa para a Lourdes ainda no aeroporto, isso tem sido o meu recorrente pensamento nos últimos dias.


FOTO ´POR DO SOL AS 22:OO HORAS - HORÁRIO LOCAL -  EM CALVOR

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA PARTE I - II e III

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA PARTE I

18/06/2.010 – CACABELOS – O CEBREIRO

Já havia me convencido de parar no Albergue do Brasil, que fica no caminho, quando me perdi ao chegar, pela manhã junto com um sol meio cansado, que teimava em não brilhar, isso já pelas 7 da manhã ,  em VILLAFRANCA DEL BIERZO, e já ia me dirigindo para uma direção totalmente errada margeando uma auto estrada , quando um anjo espanhol parou seu carro e me indicou a direção correta, que por acaso era diametralmente oposta à que qu me dirigia.



Não posso deixar e registrar a quantidade de cerejeiras, produzindo, verdes, amarelas, vermelhas, pretinhas de madura ao longo do caminho,fáceis de pegar , plantadas para saciar a fome dos peregrinos,o mesmo acontece com pêssegos, maças, peras, figos, nozes e castanhas, um verdadeiro supermercado ao livre, e grátis, totalmente grátis.

O caminho no plano, é praticamente uma marginal da auto estrada, um porre caminhar no asfalto com o risco dos automóveis e dos caminhões, mas como havia iniciado a caminhada as cinco e dez da manhã, tinha muito a percorrer.


FOTO CEREJEIRA CARREGADINHA NA BEIRA DA ESTRADA

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA PARTE II

As bolhas, ah, LAS AMPOLLAS, o anestésico , à base de xilocaína só fez efeito até eu colocar o tênis, mas os efervescentes , já estes cumpriram fielmente o seu papel,já os curativos específicos para as bolhas só serviram para condenar um par de meias, pois se desfizeram em partículas de silicone que aderiram nas meias de forma indissociável. Funcionou sim junto ao dedão do pé de forma preventiva tanto que usarei no outro pé, bem melhor do que o micro poro, depois de caminhar fica parecendo uma segunda pele.

Já tinha entabulado um papo com Deus quando cruza o meu caminho FRANCISCO , um espanhol que trabalha meio ano no Chile e outra metade na Espanha como instrutor de SNOW BOARD. Tinha dois anos de casado com uma chilena , tinha pois sua esposa pôs um inesperado fim na relação dois meses antes dele iniciar a caminhada, o que mudou completamente sua vida tirando o eixo central que a norteava.

Não deve ser fácil o abandono.

Falei com ele sobre a mão e os cinco objetivos da vida.Conservamos sobre todos os seus aspectos e principalmente sobre a viabilidade dos objetivos.

Os objetivos tem que ser viáveis pondera Francisco.

Quem define se um objetivo é ou não viável ?

Você ! Só você ! Ninguém mais!

Se você definir como impossível , será impossível !

Se definir como possível, ele será possível !



FOTO A CAMINHO DO CEBREIRO

Conversamos tanto que passamos pelo ALBERGUE DO BRASIL que se encontrava fechado e decidi seguir em frente , acompanhando FRANCISCO e apesar da extrema dificuldade da subida ao CEBREIRO, afinal são dezoito quilômetros de uma assustadora rampa de 800 m,retirando fôlego quando não havia mais corpo só alma, esperança e fé.

Desistir jamais.



FOTO ALBERGUE DO BRASIL  - FECHADO - ANTES DA SUBIDA PARA O CEBREIRO

Na altitude , o fôlego falta mesmo, tudo fica mais difícil. Ao final , é como chegar ao topo do mundo,vento nevado de tanto frio, mas o sol para nos aquecer.


FOTO MARCO DA ENTRADA NA PROVÍNCIA DA GALÍCIA

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA PARTE III

No meio do caminho uma cerveja e a musica galega que lembra os gaiteiros da escócia, para matar a sede e recompor as energias e uma imagem que me perseguiu por muitos metros, a de um cavaleiro conduzindo o gado, de boné e sobre ele, rondando a sua cabeça um enxame de moscas, como um bando de urubus no céu, indicando a carniça em decomposição na terra.

Na fila do albergue, puxando a fila dos peregrinos, reencontro os amigos espanhóis e como não podia ser diferente entoamos nosso hino de guerra, abraçamo-nos com felicidade . Sempre é bom, muito bom reencontrar amigos...

FOTO INTERIOR DO ALBERGUE NO CEBREIRO

Na minha frente da fila , Carmem , uma carioca, recordando como é bom falar a língua pátria.

Almoçamos juntos, apresentamos os novos amigos, recordamos os caminhos,os encontros, os desencontros, recordamos o papo sobre a mão, fantástico como serve para todos nós.

Revi o conceito – quando temos tudo nos esquecemos de Deus – lembramos dele nas dificuldades , quando nos falta a saúde, ou o dinheiro, ou temos dificuldade nos estudos ou alguém da nossa família passa por uma enfermidade.


Quando temos tudo, é o momento de agradecer e de ajudá-Lo a ajudar os mais necessitados é quando ELE que tudo faz por nós nos pede a nossa ajuda e se não percebemos isso, o mal que existe, ocupa o lugar que deixamos vago por nossa omissão

O trecho, imaginem o caminho da Lagoinha para a praia do Bonete, só que com 12 quilômetros , só subida, não há planícies, não tem descanso, é subida, só subida mesmo, com pedras, muitas pedras, ora fixas, ora soltas, não pare, de forma alguma, se parar fica mias difícil retomar, o corpo esfria,as dores aumentam e no final o grito, que assusta, mas que sai do âmago, para agradecer a Deus, uma etapa a mais, uma etapa a menos, e essa de 39 quilômetros, muito, muito bom mesmo.



Amanhã dose dupla, 13 quilômetros de rampa para baixo, o que para as bolhas é pior,por isso hoje curativos especiais, betadine, gase, micro poro vamos ver se dá resultado, mesmo assim, tomarei o efervescente às 5:00 e sairei as 6:30 , anestésico e fé em Deus que a descida é braba.

Falei com a Lourdes , chorei de saudade de todos a etapa vencida é muito forte.


FOTO CENTRO GASTRONOMICO DO CEBREIRO AO FUNDO