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8/05/2.010 – RONCESVALLES - LARRASOAÑA
Começa suave no plano, numa trilha ao lado da estrada que liga Roncesvalles a Pamplona , coberta de arvores, às vezes a copa das árvores formavam um túnel.
No início do dia quando o sol ainda dormia e a lua já tinha se recolhido no meio da neblina, tudo indicava que os 27 km pela frente seriam muito mais tranqüilos e menos dolorosos do que a etapa anterior, ah não posso esquecer ontem doía tudo até o fio de cabelo do dedão do pé direito, cheguei a pensar em tomar o relaxante muscular o que vou fazer hoje pois a promessa de dia fácil não passou de promessa.
FOTO UMA DAS INUMERAS IGREJAS DO CAMINHO ESTA EM URROBI ENTRE RONCESVALLES E LASSAROAÑA
Saí cedo e só.
Sabia que no caminho havia mais três cidades dotadas de albergues que fornecerão peregrinos pelo trajeto – URROBI – ZUBIRI e outra que não consta do mapa mas que eu descobri e fotografei, no Vale do ERRO.
Dizem os espanhóis que esse nome se deve ao rio ERRO que corta a região, já eu, dei um novo sentido ao nome do Vale pois ao passar por ele literalmente perdido no meio de um matagal, sem viva alma, aliás essa é outra característica da região, se não tem peregrino, quase não se vê outras pessoas pelo caminho.
FOTO AREA URBANIZADA DO CAMINHO CORTANDO UM POVOADO
As setinhas amarelas desapareceram, os indicadores de escoteiro de rota certa, rota errada, desvio a direita ou à esquerda evaporaram, os bicicleteiros, esses então tomaram chá de sumiço.
Procuro na lama ressecada do caminho alguma pegada de peregrino, nada. Começo a ficar preocupado, será que terei que voltar todos esses quilômetros percorridos, será que estou definitivamente perdido, peço uma luz, uma indicação, ante no meus sentidos nos ruídos da mata, nada...
Foto = Trilha no meio da cerração antes de me perder
Insisto no caminho, o dia frio, de uma cerração de fazer inveja ao FOG londrino que sem que eu percebesse se transformou numa paulistana garoa tão fraca que não me animava a colocar o casaco impermeável, mas forte o suficiente para molhar o agasalho de frio, rezo mais uma vez e no meio do nada me surge um tratorista que me indica que eu não estou totalmente perdido, confirmando mais uma vez que todos os caminhos te levam a Santiago e que as forças do universo conspiram a teu favor quando seu objetivo é muito mais do que um forte desejo é uma meta a ser alcançada.
Na última parte dessa etapa, apesar de ter me perdido, me atrasei bastante o que me permitiu no trecho de ZUBIRI a LASAROAÑA , com 5,5 Km, encontrar com IRWI a alemã que em SAINT JEAN PIED PORT dormia na parte inferior do meu beliche, com a canadense VANESSA e também com a texana REBECCA e com elas travei um longo papo sobre objetivos, visão de futuro e metas para os próximos anos o que reduziu em muito as agruras do caminho.
FOTO PEREGRINAS ALEMÃ IRWI, TEXANA REBECCA E CANADENSE VANESSA EM ZUBIRI
Conversei com elas sobre o que as motivou a fazer o caminho e não me furtei em dizer o que me motivou a fazê-lo
Não encontrei mais o LUIGI, nem o ISHIKAWA,
No caminho aprendi que me perder e me reencontrar também é parte da arte que se aprende com o caminho.
Novamente,rezei muito e qundo o fiz me senti protegido e mais perto de Deus
Houve momentos em que tive que decidir e algumas vezes decidir errado, a descida tinha sido muito longa e intensa , voltar seria muito, muito doloroso e desgastante.
COISAS DO CAMINHO...
FOTO CHEGADA A LARRASOAÑA
Foto = Flores em Larrasoaña uma constante em todo o caminho
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