07/06/2.010 – ATAPUERCA –TARDAJOS
Dividi ontem com os espanhóis meus companheiros de caminhada a emocionante alegria , que me levou às lágrimas de felicidade, ao saber que Stellinha, que já havia se recuperado quase que integralmente as funções renais, agora me dava a notícia de que voltou a ser mocinha... como ela mesmo havia me dito ao telefone e recebi deles fraternais abraços.
FOTO CAMINH Chegando a ATAPUERCA
Minutos havia comentado com eles que o Dudu e a Stelinha ainda não tinham filhos , mas que eu tinha plena certeza de que isso era momentâneo, e que ela voltaria a poder tê-los. Profetizando mais um dos milagres do caminho.
Foto NO caminho um ramalhete e uma fitinha do |Senhor do Bom Fim . Um baiano ficou no caminho ????
No nosso quarto IRMA , uma mexicana, que conosco durante o jantar dividiu sua história, perdeu para o câncer uma filha com três anos de idade,pouco depois o marido para a mais profunda depressão, isso depois da morte da filha e de um seqüestro relâmpago que o deixou com pânico . Caiu também enfêrma , numa profunda depressão , da qual saiu quando conseguiu vislumbrar que o filho, na época com doze anos, era quem dela cuidava e a tratava com paternal proteção. Faz o caminho para repensar a vida e como o RAFAEL é dentista conceituadíssima na Cidade do México.
FOTO ALTAR DE UMA IGREJA NA ENTRADA DE BURGOS
Passei voando por BURGOS, capital de LEON e CASTILLA com meus amigos espanhóis de quem me separei pois estavam acelerando demais impedindo que eu conhecesse um pouco a cidade e eu atrasando-os na sua peregrinação pois já conheciam a cidade, aliás um grande cidade , com uma catedral lindíssima e muito bem servida de vitrais .
Assisti uma missa ao entrar descompromissadamente numa igreja medieval da cidade, a Catedral se encontrava fechada e circundada de turistas que os ônibus despejavam sem parar , eram em sua maioria velhinhos, numa demonstração de que o turismo na Espanha continua sendo uma das forças propulsoras de seu progresso.
FOTO MENIR NA ENTRADA DE TARDAJOS DEPOIS DE UMA SUADA CAMINHADA
Tinha muito o que agradecer , e depois seguir obstinadamente as setinhas amarelas para seguir caminho até TARDAJOS , 12 quilometros além de BURGOS, o que vais reduzir para 3º quilômetros a distância até CASTROJERIZ onde combinei que voltaria a encontrar com meus amigos espanhóis.
DÉCIMO SEGUNDO DIA PARTE II
Acostumei a ouvir que quando envelhecemos voltamos a ser crianças, teremos hábitos de criança, vamos nos revoltar contra a necessidade de banhos diários, a escovar os dentes, a comer no horário, e teremos mais vontade de tomar sorvetes e comer doces e guloseimas, teremos outros gostos com relação às brincadeiras lúdicas e à observação da natureza, mas sempre julgamos que a velhice não nos apanhará nas curvas do tempo, ela virá sim , mas não para nós, para os nossos vizinhos e amigos, talvez, mas pra nós nunca, e de repente me pego ouvindo conselhos do tipo, olha não faça o caminho sozinho, procure andar em grupo, você já não tem a saúde de um menino, e coisas do tipo, mas hoje, hoje ao ligar para casa me deparei com os seguintes conselhos, calce duas meias, que já estou usando desde o primeiro dia, use sempre meias limpas, que lavo todos os dias, cuidado com as dobrinhas da meia, que inspeciono com o rigor professor vingativo, não deixe de se agasalhar, cuidam de mim como se eu fosse seu filho e não ao contrário, é, creio que a velhice está batendo e com força na minha porta.
A alegria de ouvir a voz , mesmo estando tão distante , me esqueci de perguntar como foi a viagem ao URUGUAY , é realmente muito bom ouvir a voz de alguém que fala a nossa língua.
Confesso que já estou pensando em espanhol e como tenho uma enorme facilidade para absorver sotaques dizem os espanhóis que a minha pronúncia é muito boa, e que não fosse a bandeira pendurada na mochila, passaria tranquilamente por espanhol.
Hoje entre BURGOS e TARDAJOS dividi os últimos 5 quilômetros falando em inglês com uma sul coreana, outra das características do caminho, você arruma uma forma de se fazer entender e consegue de alguma forma criar condições para entender seu companheiro de caminho e me surpreendi com as poucas conquistas de qualidade de vida dos trabalhadores sul coreanos que tem somente 15 dias de férias ao anos, isso quando as tem...
FOTO ALMOÇO COM OS AMIGOS ESPANHOIS EM TARDAJOS
DÉCIMO SEGUNDO DIA PARTE III
Na porta do albergue de TARDAJOS perguntei a uma avozinha, que estava sentada no banco de espera dos peregrinos, banco esse que os peregrinos utilizam para marcar a vez e o horário de chegada no albergue, enquanto este não abre sua porta para a entrada dos caminhantes, ela creio eu , era mãe da hospitaleira, já na lucidez de seus 84 anos, qual fora a maior alegria da sua vida ao que ela respondeu sem pestanejar , seu casamento, apesar de estar viúva.
Ao chegar tentei puxar assunto com um polonês, a quem chamei de homem estátua, pois pouco falava, gesticulava menos ainda, e fazia marmóreos esforços de para se fazer e poder compreender qualquer outra pessoa, com ele me encontrei na mesa de pic nic em frente ao albergue onde um gatinho rondava a procura de um afago ou de um pedaço de comida.
Foto Caminhando com os espanhóis...Marcha braba...
Desisti da conversa, deixei essa árdua tarefa por conta do gatinho que iniciou uma prosa animadíssima , rondando o homem estátua, buscando um carinho, e parece que foi mais feliz que eu ou então só mais rápido que ele pois já fugiu com um pedaço do seu lanche , que aqui eles chamam de BOCADILHO.
Foto = Amoçando e cantando em Tardajos com os amigos espanhóis.
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