16/06/2.010 -SANTA CATALINA DE SOMOZA – RIEGOS DE AMBROS
As dores com as bolhas foram tantas que à noite tive pesadelos com a CRUZ de HIERRO que fica no meio da próxima etapa, tanto que as três da manhã, dissolvi mais um envelope de efervescente, voltei a dormir e só acordei com o despertador do relógio de pulso às cinco da manhã , o que não é comum pois geralmente acordo a tempo de desativar o despertador.
FOTO Pueblo no caminho a Riegos
Ontem após o jogo e a vitória do Brasil falei com o Dudu e a Stellinha e mesmo a milhares de quilômetros vi o brilho dos seus sorrisos nesta noite de Espanha, tarde maravilhosa no Brasil.
A um quarto para as seis estávamos eu e os espanhóis novamente no caminho.
Neblina - NIEBLA – que limita a menos de dois metros nosso raio de visão, frio , frio de 10 graus com sensação térmica de menos doze,calça e casaco impermeáveis, que me fazem suar muito, e me transformam numa sauna ambulante. Subidas impiedosas, cenário de batalha medieval,cerração, frio, garoa, chuva,e dor, muita dor em cada um dos dois dedinhos de cada pé.
VIGÉSIMO DIA PARTE II
No caminho, momento emblemático junto aos pés da CRUZ de HIERRO, uma pequena cruz , de ferro, em cima de um poste , também de ferro, enfeitado de laços, fitas e pedidos, sobre um monte de terra , coberto de pedras que os peregrinos a cada segundo somam mais uma e a elas juntam os seus pedidos .
A tradição manda pegar uma dessas pedras, colocar seu pedido a Deus,e arremessá-la por cima de seus ombros.
Pego a pedra, peço a Deus que cure definitivamente a nossa Stelliha e nos devolva com brevidade a intensa luz dos seus sorrisos, arremesso-a sobre os meus ombros, e me emociono pois tenho a certeza, uma certeza, que não sei de onde vem, mas da qual não me resta a mínima dúvida, de que serei atendido.
Na área em torno da CRUZ de HIERRO,obras e necessárias melhorias para melhor atender aos peregrinos, e uma estrada , a princípio pavimentada com areia e bica corrida , ótima para a caminhada, e depois nada mais do que uma picada no meio do mato.
FOTO LA CRUZ DE HIERRO
Chapéu na cabeça, imagem de Nossa Senhora Aparecida, colada no forro, óculos completamente embaçados,iniciamos uma inclemente descida do meio das nuvens para um céu às vezes encoberto, outras vezes iluminando um ou outro povoado por rusgas de luz do sol que conseguiam driblar as nuvens.
Se para cima as dores são fortes, para baixo são insuportáveis, pois os dedinhos, as bolhas, as feridas abertas ou que restam delas batem impiedosamente nas botas a cada passo dado, mas como um passo a mais é um passo a menos, vou caminhando, e no caminho um espanhol montou uma cabana, com um altar dedicado a Nossa Senhora de Fátima, colocou umas garrafas térmicas de café quentinho, bolinhos de avelã, cerejas dulcíssimas, água em garrafas tudo isso por conta de donativos, isso em MONJARDIM, poucos metros depois de FONCEBADON uma cidade fantasma que há sete anos, graças ao turismo de peregrinos, vem saindo do completo abandono em que se encontrava ..
Penso que o suplício havia acabado, que nada são 23 quilometros , resolvemos para na metade então amanhã serão outros doze de descida e mais 18 de território plano até CACABELOS, e apenas, apenas 207 para o abraço ao Apóstolo Santiago.
À tarde enquanto escrevia, torcia, quase que solitariamente , para a Espanha que perdia para a SUIÇA por um gol a zero na África do Sul.
FOTO UMA DAS DESCIDAS DO CAMINHO
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