06/06/2.010 – TOSANTOS – ATAPUERCA
PARTE I
O jantar preparado pelo hospitaleiro JOSE e pelos peregrinos foi temperado por uma saudável discussão a respeito de paellas e suas formas de preparo, só interrompida quando ela estava praticamente pronta, os pedaços de pimentão fritos, o frango em pedaços bem pequenos já selados pelo azeite e já tendo absorvido os temperos.
Foi bruscamente retomada quando disse ao hospitaleiro que havia gente colocando mais água na paelleira – uma frigideira gigante , o que fez recomeçar toda a discussão sobre o arroz soltinho e o empapado da paella velenciana.
Contribuí, comprando no bar onde havia almoçado, duas novas garrafas de vinho em meio ao prenúncio de uma tormenta que anunciava dias de chuva pela frente.
FOTO DECORAÇÃO DA PAREDE DO ALBERGUE DE TOSANTOS
Um russo , VALERI , com uma mochila com trinta quilos de bagagem, que segundo ele contém os bens acumulados em toda a sua existência, que fala, e bem sete idiomas, dentre eles o português, que vive no caminho, que já fez cinco vezes ida e volta e que uns poucos dele se aproxima com a desconfiança que até então era privilégio dos ciganos e dos gitanos, cuidou com exclusividade da louça ao final do jantar .
FOTO Altar de orações no albergur em Tosantos onde colocamos os nosso pedidos mais íntimos.
DÉCIMO PRIMEIRO DIA PARTE II
Um austríaco com o joelho comprometido, creio que os ligamentos dele se romperam somou-se à sérvia de ESTELLA e à espanhola de SANTO DOMINGO DE LA CALZADA ao grupo de peregrinos que tiveram ou terão que abandonar o caminho e de quem sequer consigo imaginar a dor, não das bolhas ou dos pés, nem das pernas ou das costas, mas a dor de ter que abandonar um sonho, o sonho de abraçar o apóstolo após a missa do botafumeiro
Dor tamanha desorienta os hospedeiros se desdobram em cortesias e não sabem o que fazer para minimizar a dor desses peregrinos,nós os seus companheiros de caminhada tentamos de t udo, são praticantes de REIKI interpondo suas mãos, são místicos meditando , cristãos rezando procurando de alguma forma fazer com que esses companheiros consigam voltar para o caminho que por algum motivo , por alguma força desconhecida, tiveram que abandonar...
FOTO DO JANTAR COMUNITÁRIO NO ALBERGUE DE TOSANTOS
Reencontrei LUCIO, e seus companheiros JOSE e JESUS, que eu julgava ser argentino , que me emprestou o carregador da bateria da máquina fotográfica lá em PUENTE LA REINA, mas que na realidade é espa nhol de KALAHORRA, gente da melhor estirpe, junto com ele JESUS, outro espanhol de KALAHORA na RIOJA e JOSE de NAVARRA, três grandes amigos com os quais aprendi a redesenhar o plano das mãos , tanto para a família como para as empresas.
Iniciamos a caminhada juntos, e desde a manhãzinha, muita neblina, de tão forte que às vezes se confundia com uma chuva intermitente, coloco duas meias, nunca deixo de besuntar os pés com vaselina , mas mesmo assim ganho mais uma bolha , creio devido à umidade, as dores de coluna que começavam a responder a chamada diária quando fazia meu alongamento , pela primeira vez se fez ausente, com certeza por que aliviei a mochila. ]
FOTO OS TRES AMIGOS ESPANHOIS EM MEIO A LA NEBLA ANTES DE CHEGAR A SAN JUAN ORTEGA
Usei as calças de chuva e o polar impermeável, justificam o seu peso e a necessidade de trazê-los, já as perneiras se mostraram redundantes pois as calças , tipo show das mulheres, que permitem colocar e retirar sem a necessidade de tirar as botas, são dotadas de fixadores que permitem proteger, como fazem as perneiras, as botas da infiltração da água.
DÉCIMO PRIMEIRO DIA PARTE III
As maiores cidades do Norte da Espanha, PAMPLONA, LEON e BURGOS são menores do que Campinas , as grandes cidades menores do que Valinhos e os pequenas , PUEBLOS , menores do que bairros como o Vale Verde, só que todos eles contam com igrejas do século XXII ou XV,cercados de campos de trigo ou uva,plantações enormes de cevada ou alfafa.
Quase não se vê gente nas ruas, só peregrinos no caminho, crianças então, fato raro.
Em SAN JUAN ORTEGA, havia tido uma festa na noite anterior e JOSE cumprimentou um espanhol mal humorado , isso às sete, oito horas da manhã, e também brincou com um cachorro na porta da igreja da cidade e depois no caminho, comentou..EL PERRO TENIA MÁS EDUCACION QUE LO HOMBRE...
FOTO Chegando a ATAPUERCA uma garoa de matar saudade do inverno de São Paulo.
Paramos em ATAPUERCA, depois de muito cantar o que já havia se tornado o nosso hino de guerra , QUIÉN SERÁ QUE ME QUIERA,AA, QUIÉN SERÁ , QUIÉN SERÁ ?, que é um sito arqueológico dos mais antigos de Espanha, mas quem o conhece, e LUCIO é um dles, garante que não justifica os 35 Euros que se cobra para uma expedição guiada.
Ia me esquecendo, antes do jantar em TOSANTOS, visitamos também a ermita de Santa Maria , uma igrejinha escavada na rocha com mais de mil anos carregada de muita energia.
A saudade de todos aumenta a cada dia o que faz com que rezemos por todos cada dia com a mais afinco, a possibilidade de falar alguns minutos pelo telefone, reduz um pouco essa doce ansiedade, e reforça ainda mais a convicção sobre concluir a caminhada.
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